terça-feira, 10 de abril de 2012

Antracnose no cajueiro

Introdução
O cajueiro (Anacardium occidentale L.) tem como centro de origem o Nordeste do Brasil. Chegou a África Oriental e Índia, no século XVI com os Portugueses. A importância económica e social do cajueiro em Moçambique data do período que seguiu à Segunda Guerra mundial. Em 1972/3, Moçambique chegou a ser o major produtor mundial com mais de 200 000 toneladas do castanha comercializada. Hoje o declínio do produção, materialmente causada por uma doença conhecida corno oídio (Oidium anacardii Noack) levou a um caos social com mais de 8 000 trabalhadores fabris agora desempregados. Paralelamente ao oídio, a antracnose (Colletotrichum gloesporloides Penz.) tem-se evidenciado cede vez mais nos últimos anos. A sua aparição em cajueiros tratados contra oídio tem suscitado varias interpretações para pessoas não especializadas. Este trabalho, pretende clarificar a natureza do problema do antracnose e motivar acções do maneio baseadas no conhecimento ate aqui existente.

Espectro de acção do patógeno - A antracnose é causada pelo fungo Collectotrichum gloesporloides Penz. (anamorfo) ou Glomerella cingulata Schrenk (teleormorfo). O fungo produz dois tipos de material de propagação: ascosporos (sexuados) e conídios (assexuados). Pode ser isolado da natureza e cultivado com sucesso em meios artificiais tais como PDA, ODA, e OYA. A produção de esporos pode ocorrer dentro de 7 dias à 28° C sob iluminação constante. Os esporos germinam à temperatura media de 0°C e humidade relativa de 95% durante pelo menos 10 a 12 horas. O patógeno C. gloesporloides tem um largo espectro de acção=amplitude. Já foi isolado em muitas outras fruteiras tropicais como a abacateira, mangueira, papaieira e numerosas culturas anuais incluindo feijão verde, feijão vulgar, tomateiro etc., onde por vezes causa prejuízos significativos.
Sintomas
As lesões da antracnose no início são de forma angular, castanho avermelhado, fazem lembrar pequenas manchas oleosas brilhantes: Nas folhas a doença manifesta-se como lesões; nos ramos terminais, estes podem secar ou morrer. Na frutificação, o pedúnculo torna-se preto, por vezes fendilhado de forma longitudinal, finalmente, este pode mumificar ou cair antes da maturação.
Epidemiologia
A disseminação do patógeno ocorre no inicio da época chuvosa quando a temperatura é elevada, a húmidade relativa do ar também elevada e os cajueiros emitem folhas de crescimento vegetativo. Além das gotas de chuva que espalham os conídios, as picadelas pelos insectos Helopeltis e Afideos perfurando os tecidos, facilitam a penetração do fungo. Ainda, a penetração pode-se dar através do estigma floral durante a frutificação. Durante o período desfavorável, o fungo persiste em órgãos secos do planta.
Estratégias de Maio da doença
A antracnose pode matar mudas no viveiro, reduzir o rendimento qualitativo em castanha na ordem de 30 a 50% e afectar a quantidade da amêndoa. A partir de outros países, há informação da utilização de diversos fungicidas no controlo da doença: Oxicloreto de cobre, Triadimenol, Captafol, Benomil, anilazine e Triforine, muitas vezes a utilização exclusiva destes produtos se torna antieconómica. Assim, a recolha e queima de todos os órgãos infectados, e1iminação de fontes alternativas de inóculo e ramos rastejantes são também recomendados em combinação com o uso de clones tolerantes à doença. Em Moçambique, ensaios preliminares indicaram que ortiva a 6ml/l, aplicado de 15 em 15 dias reduz a severidade da doença nas folhas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário