sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

EFADE IV É TEMA DE REPORTAGEM DA CARAVANA MEU NOVO PIAUI

ESCOLA FORMA JOVENS AGRICULTORES EM TÉCNICA AGROPECUÁRIA QUE TORNAM MAIS LUCRATIVA AS PROPRIEDADES DOS PAIS E MUDAM SEUS CONCEITOS

Efrém Ribeiro

De Oeiras

O estudante do curso de Técnica Agrícola da Escola Familia Agrícola Dom Edilberto, na localidade Caldeirão, na zona rural de Oeiras (300 km de Teresina), Francisco Flávio de Moura Silva, de 17 anos, pretende cursar Engenharia Agronômica, mas precocemente já mudou muito mais a realidade da localidade rural Belo Monte, a 80 quilômetros da zona urbana de Oeiras, e da de seus pais, os agricultores Luiz Costa da Silva, de 65 anos, e Cícera Maria de Moura Silva, de 44 anos, do que qualquer engenheiro.

Ele antes de ingressar na Escola Família Agrícola Dom Edilberto, mantida pela Fundação Dom Edilberto Dinkalborg, onde estuda com outros 129 alunos, Francisco Flávio de Moura Silva estudou por quatro anos em um colégio agrícola de ensino fundamental em São João da Varjota,mantido pela mesma instituição, e com o que aprendeu mudou a forma que os pais sempre trabalharam a agricultura de subsistência plantando filho, feijão, arroz e mandioca e com resultados que não davam lucros ou melhoria de vida para toda a família.

Com o que aprendeu na escola, Francisco Flávio percebeu que sua família poderia aumentar a renda plantando hortaliças, legumes em dois dos 80 hectares, além de frutas como maracujá e melancia.






O resultado é que seus pais agora produzem, em uma área irrigada por gotejamento, alface, coentro, couve, beterraba, cenoura, cebolinha, melancia e maracujá,que é vendido na feira e na própria comunidade.

O negócio deu tão certo que a família comprou duas motocicletas e com o lucro da horta está comprando um carro para transportar as hortaliças e legumes para a cidade.

Francisco Flávio também ensinou aos pais de a partir da horta era possível criar uma cadeia produtiva criando galinhas caipiras,que tem bom preço no mercado, e caprinos, que engordam comendo o que sobra das alfaces. Já são agora 110 caprinos e muitas galinhas.

"A princípio não foi fácil mudar a cabeça de um agricultor já experiente como meu pai,mas foi possível demonstrar que dá mais dinheiro e é mais lucrativo plantar hortaliças do que ficar apenas plantando milho e feijão, que a estiagem do semiárido pode acabar", falou Francisco Flávio de Moura.






A Fundação Dom Edilberto Dinkalborg mantém Escolas Família Agrícola, de ensino médio, e colégios agrícolas de ensino fundamental em Oeiras, São João da Varjota, em Cajazeiras, Santo Inácio do Piauí e Colônia do Piauí, onde estão matriculados mais de 350 alunos.

O que essas Escolas Família Agrícola estão mudando a agricultura na região do Território de Desenvolvimento Vale do Canindé é ainda difícil de mensurar,mas é de uma abrangência tão grande que as pequenas e grandes propriedades dos municípios próximos de Oeiras não vivem mais simplesmente da agricultura de subsistências , mas também da criação de caprinos, ovinos, suínos e de plantações de frutas e de hortaliças.

"Essa produção está até melhorando os hábitos alimentares dos moradores da região, que não tinham o costume de comer alface, couve, cenoura e beterraba", falou o professor de Matemática e Física da Escola Família Agrícola Dom Edilberto, Fabrício Luiz de França.

A diretora da Escola Família Agrícola Dom Edilberto, a pedagoga Elenice Aparecida Atanazio, religiosa da Congregação das Filhas de Santa Teresa de Jesus, afirma que a instituição escolar tem adota a pedagogia da alternância. Durante 15 dias, os estudantes ficam na escola apreendendo técnicas agrícolas, apicultura, caprinocultura, zootecnica para a criação de pequenos animais, horticultura, criação de peixes e 15 dias ficam com suas famílias nas localidades rurais.

Ela afirmou que quando os alunos estão em casa seguem planos de estudo em que fazem o levantamento dos problemas e gargalhos da produção agrícola onde moram e levam esses resultados para a escola onde debatem e buscam soluções.

Elenice Aparecida Atanazio diz que muitos jovens procuram a escola e não pensam em viajar para centros urbanos em busca de empregos porque estão aprendendo que é possível ter uma atividade lucrativa com a agricultura e uma vida digna.

"Nós estamos conseguir aquela mentalidade dos pais que diziam para os filhos que se não querem estudar fiquem na roça. Eles querem estudar justamente para continuar trabalhando na terra produzindo mais e promover desenvolvimento", diz Elenice Aparecida.


ESCOLA AGRÍCOLA TEM 46 HECTARES, LABORATÓRIO DE SOLOS E 10 COMPUTADORES COM ACESSO À INTERNET

Efrém Ribeiro

Da Oeiras

Pense em uma escola de alunos bem articulados, com camisetas descoladas, cabelos da moda e com celulares tocando quando estão transferindo mudas de plantas nativas para plantação nas margens de riachos, que são braços do rio Canindé, para recuperação da mata ciliar.

Pense que os estudantes são modernos, atualizados e preocupados com o destino da natureza e querem praticar uma agricultura que mude a realidade pobre dos habitantes dos municípios da região de Oeiras.

Agora não pense. Estamos falando dos estudantes da Escola Família Agrícola Dom Edilberto, criada pelo padre João de Deus, paróco da Igreja Sagrada Família, de Oeiras.

Claudimira Vieira dos Santos, de 22 anos, que reside no município de São Francisco, está no primeiro ano dos quatro anos do curso de Técnica Agropecuária e já ensinou aos pais agricultores que podem usar as plantas que têm nos três hectares que cultivam para fazer feno, que servirá de alimento para os caprinos na época do período seco e assim evitar que morram ou perdam peso.

"Também dá sugeri e levei plantas frutíferas para plantar nas terras de meus pais. Eu quero estudar Agronomia, não quero parar,mas quero ajudar que minha comunidade viva melhor", falou Claudimira Vieira, que procurou se matricular na escola porque dois de seus irmãos fizeram o curso e conseguiram bons empregos no Banco do Brasil.

Concludente do quarto ano do curso de Técnicas Agropecuária, Gilmar Rodrigues Fontes, de 24 anos, fez umprojeto de criação de caprinos. Já tem 20 caprinos e vai comprar mais 50. Ele calculou quanto vai ganhar com o empreendimento. No total, são R$ 65 mil ao ano,o que vai dar um rendimento líquido de R$ 650 ao mês.

"Quem é que tem esse salário na roça. E vou trabalhar com outras coisas, além dos caprinos", falou Gilmar Fontes.







FOTOS:MOISÉS SABA