Tradicionalmente,
as criações domésticas de galinha caipira, praticadas nas unidades agrícolas
familiares, se caracterizam pela sua forma de exploração extensiva, na qual
inexistem instalações, bem como, a adoção de práticas de manejo que contemplem
eficientemente os aspectos reprodutivos, nutricionais e sanitários. Tal fato
resulta em índices de fertilidade e natalidade reduzidos.
O sistema alternativo de criação de galinhas caipiras preconiza a construção de instalações simples e funcionais, a partir dos recursos naturais disponíveis nas propriedades dos agricultores, tais como madeira redonda, estacas, palha de babaçu, etc. (Figura 10). O principal objetivo dessa instalação é oferecer um ambiente higiênico e protegido, que não permita a entrada de predadores e que ajude a amenizar os impactos de variações extremas de temperatura e umidade, além de assegurar o acesso das aves ao alimento e à água.
Figura 10. Instalações
recomendadas para o sistema alternativo de criação de galinhas caipiras.
Tais instalações consistem em um
galinheiro com área útil de 32,0 m2 e divisões internas destinadas a cada fase
de criação das aves: reprodução (postura e incubação), cria, recria e
terminação (Figura 11). A área do galinheiro deve ser dimensionada de modo a
proporcionar boa ventilação, luminosidade, drenagem, facilidade de acesso e
disponibilidade de água. O piso deve ser revestido com uma camada de palha
(cama) de 5 a 8 cm de espessura, distribuída de forma homogênea, podendo-se
utilizar vários materiais como maravalha ou serragem, palha, sabugo de milho
triturado ou casca de cereais (arroz). A remoção e substituição da cama, bem
como, a desinfecção do aviário com cal virgem devem ser periódicas.
Figura 11. Planta baixa
das instalações para o sistema alternativo de criação de galinhas caipiras.
Com exceção da área destinada à
incubação e cria, as demais divisões internas devem permitir o acesso a
piquetes de pastejo, com dimensões variáveis, capazes de atender às
necessidades das aves e de abrigar todo o plantel de cada fase de criação
(Figura 12). Os piquetes devem ser cercados de material semelhante ao utilizado
no galinheiro e que seja capaz de evitar a entrada de predadores.
Figura 12. Esquema da disposição das áreas de pastejo do sistema alternativo de criação de galinhas caipiras.
A fase de reprodução se caracteriza por
apresentar uma relação macho/fêmea de 1:12, cujas aves devem possuir idade
entre 6 e 24 meses. O peso vivo estabelecido para os machos deve ser de 2,0 a
3,5 kg, enquanto que, para as fêmeas, de 1,6 a 2,5 kg. A substituição dos
reprodutores deve ser semestral, tendo em vista que, também, a cada semestre,
ocorrerá a reposição das matrizes, que são oriundas do mesmo plantel e,
portanto, filhas do reprodutor em serviço.
Nessa fase de criação, a instalação
deve ter subdivisões destinadas à postura e à incubação. Esse artifício permite
um maior controle sobre a postura, evita perdas com a quebra de ovos,
proporcionando-lhes maior higiene e manutenção de sua viabilidade.
Na subdivisão de postura, as aves
permanecem em regime semi-aberto, na qual a área coberta é de 3,75 m2, equipada
com 2 a 4 ninhos de 0,35 m x 0,35 m, 1 bebedouro de pressão e 1 comedouro em
forma de calha. O enchimento dos ninhos deve ser feito com o mesmo material
utilizado na cama do aviário. A área de pastejo destinada a essa fase é de 40,0
m2, onde as aves complementam sua alimentação. A fase de postura dura
aproximadamente 15 dias, ao longo da qual o número de ovos por matriz varia de
10 a 14. Por sua vez, na subdivisão de incubação, as aves que estiverem
incubando seus ovos (chocando) permanecem em regime fechado, em uma área de
2,25 m2, equipada com 3 a 4 ninhos de 0,35m X 0,35 m (Figura 13), 1 bebedouro
de pressão e 1 comedouro em forma de calha. O período de incubação dura 21
dias, após o qual, as matrizes devem retornar imediatamente para a divisão de
postura onde, após 11 dias de descanso, iniciarão um novo ciclo de postura.
Figura 13. Área destinada à postura, no sistema alternativo de criação de galinhas caipiras.
No sistema de incubação natural, em que
a própria galinha é quem choca os ovos, um ciclo reprodutivo dura 47 dias. O
número de ovos a ser chocado por cada matriz pode variar de 12 a 15, de acordo
com o tamanho da mesma. Entretanto, é possível se utilizar chocadeiras
elétricas as quais, embora representem um custo adicional ao sistema de
produção, podem ser adquiridas de forma coletiva. Seu maior benefício, porém,
consiste na redução do ciclo reprodutivo das matrizes para 26 dias, visto que,
após a fase de postura, as mesmas entram diretamente no período de descanso.Tal
fato resulta em um aumento do número de ciclos anuais por matriz, passando de 7
para 13.
Na fase de cria, os pintos permanecem
desde o seu nascimento até os 30 dias de idade, em uma área coberta de 2,25 m2,
equipada com 1 comedouro tipo bandeja e 1 bebedouro de pressão. Essa divisão dá
acesso a um solário de 2,0 m2. Torna-se imprescindível nesta fase a proteção
térmica dos pintos, além do fornecimento de água e alimento. Nesta fase,
também, se dá início aos procedimentos para imunização do plantel.
A fase de recria inicia-se na quarta
semana (aos 31 dias de idade dos pintos) e se estende até os 60 dias de idade,
com os pintos permanecendo em regime semi-aberto, em uma área coberta de 3,75
m2, equipada com 2 bebedouros de pressão e 2 comedouros em forma de calha.
Nessa fase, embora a fonte principal de alimento seja a ração devidamente
balanceada, a alimentação das aves pode ser complementada mediante uso de um
piquete de pastejo com dimensão de 20,0 m2. O reforço na imunização do plantel
torna-se muito importante.
A fase de terminação inicia-se aos 61
dias e estende-se até os 120 dias de idade, quando as aves apresentam peso vivo
de aproximadamente 1,8 kg, estando prontas para o abate. A área coberta
destinada a essa fase é de 20,0 m2, equipada com poleiros, 4 bebedouros de
pressão e 4 comedouros em forma de calha (Figura 14). Nesta fase, as aves têm
acesso a um piquete de pastejo de 1.800,0 m2, o qual pode conter gramíneas como
a Brachiaria humidicola, além de fruteiras como goiabeira, cajueiro e mangueira,
que servirão como uma importante fonte de alimento, em complementação à ração
fornecida.
Figura 14. Divisão da
área de terminação no sistema alternativo de criação de galinhas caipiras.
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